Entenda como funciona o processo da criação de fibras musculares
Professor Newton Nunes
*Professor pelo Instituto do Coração de SP desde 1994.
*Especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo InCor.
*Mestrado e Doutorado em educação física na USP.
*Autor do livro "Avaliação cardiopulmonar e treinamento físico. Editora Atheneu, ano 2018".
Alterações fisiológicas e estruturais nas fibras musculares surgem devido ao aumento da força muscular, que são adquiridas através do treinamento resistido (musculação) constante. Existem dois aspectos envolvidos neste processo: um neural e dois musculares.
As alterações no sistema nervoso, em resposta ao treinamento, são denominadas de adaptações neurais. A força muscular não depende apenas da quantidade de massa envolvida, mas também da ativação do sistema nervoso.
Geralmente nas primeiras 12 semanas de treinamento, o ganho de força vem dos aspectos neurais, veja quais são:
1 Melhora da coordenação intramuscular;
2. Maior eficiência nos padrões de recrutamento neural, aumentando a ativação do músculo agonista;
3. Inibição do órgão tendinoso de Golgi;
4. Melhora da coordenação intermuscular;
5. Melhora a coordenação entre os músculos agonista/sinergista do movimento a ser realizado;
6. Expansão nas dimensões da junção muscular;
7. Aumento no conteúdo de neurotransmissores pré-sinápticos;
8. Aumento no número de receptores pós-sinápticos;
9. Maior sincronicidade na descarga de unidades motoras;
O processo de hipertrofia muscular tem início com a aplicação do estresse mecânico, gerado pela contração muscular. Este fato induz as proteínas sinalizadoras a ativarem os genes, que promovem uma síntese proteica. Com isso, ocorre o aumento do tamanho da fibra muscular e também do número de filamentos de actina, miosina e adição de sarcômeros dentro das fibras musculares já existentes.
A hipertrofia pode ser classificada na literatura, como: sarcoplasmática e miofibrilar.
A sarcoplasmática é decorrente do redirecionamento do fluxo sanguíneo para o músculo em contração (resposta aguda ao treinamento).
A miofibrilar é caracterizada por mudanças estruturais, resultantes do aumento do tamanho das fibras pré existentes.
O processo de hipertrofia muscular em um programa de treinamento resistido inicia-se com o estresse metabólico e mecânico, os quais causam microlesões nas fibras musculares.
Em seguida, macrófagos e neutrófilos iniciam o processo de regeneração muscular. As alterações provocadas pelo treinamento resistido (aumento da temperatura muscular, fator de crescimento semelhante à insulina (IGF 1), interleucina-6, óxido nítrico) ativam células satélites, que sofrem proliferação e subsequente diferenciação em novos núcleos. Um maior número de núcleos pode ser mais estimulado para obter aumento da síntese proteica.
Contrações excêntricas são mais eficientes para provocar o dano muscular. A hipertrofia é produto de uma relação complexa dependente do treinamento e de fatores hormonais, nutricionais e genéticos.
Através do fortalecimento muscular o corredor poderá adquirir um melhor desempenho nos treinos e provas, evitando e minimizando a incidência de lesões.
Como ocorre o aumento da força muscular?
Resumindo:
- Ativação muscular; (estresse mecânico e metabólico)
- Sinalização de eventos decorrentes de alterações estruturais nas fibras musculares;
- Respostas inflamatórias;
- Ativação de células satélites;
- Ativação da via Akt – mTor;
- Síntese proteica após o aumento da transcrição e da tradução;
- Hipertrofia muscular;
- Contrações excêntricas são mais eficientes para provocar o dano muscular. A hipertrofia muscular é produto de uma relação complexa dependente do treinamento e de fatores hormonais, nutricionais e genéticos.
Especialista explica porque você não deve treinar em jejum
Durante a realização de qualquer atividade física nosso organismo necessita de energia. Até mesmo em repouso necessitamos disso para realizar nossas funções vitais, como por exemplo, respirar. Esta energia é proveniente do alimento que ingerimos nas refeições que deve sempre conter carboidratos, gorduras e proteínas, de uma maneira equilibrada.
Durante o treinamento físico, nosso organismo necessita de glicose para realizar os movimentos exigidos pelo exercício físico e ela é proveniente dos carboidratos. Contudo, quando nosso corpo fica muitas horas sem ingerir qualquer alimento, o estoque fica reduzido, prejudicando assim seu fornecimento.
Desta forma, o organismo recorre ao estoque de gordura, porém a geração de energia da gordura, proveniente da beta oxidação fica prejudicada, pois é dependente do metabolismo de carboidratos, os quais estão escassos ao praticar atividade física. Neste momento então, inicia-se o metabolismo predominante de proteínas, ou seja, proteólise.
Com isso, a geração de energia é proveniente de massa magra do indivíduo, isto mesmo, a pessoa começa a perder músculos durante a atividade física.
Importante reforçar o conceito da bioenergética: o metabolismo é dependente de um nível razoável de carboidratos no organismo, caso contrário, a geração da energia é proveniente de massa magra. Treinar em jejum é uma maneira de reduzir a quantidade de músculos do seu organismo. Nunca realize tal procedimento.
Concluindo: treinar em jejum é um grande equívoco. Não faça isso!