Dependência de exercício físico: prevalência e impacto à saúde
Por Prof. Dr. Murilo Dáttilo
Os benefícios de uma vida fisicamente ativa à saúde já são muito bem conhecidos, seja para os aspectos físicos, metabólicos e/ou mentais. Por outro lado, o preço de qualquer excesso é frequentemente elevado, e isso não é diferente quando o assunto é a prática de muito exercício físico.
Assim como ocorre em casos de dependência química, há indivíduos que apresentam sintomas de abstinência quando não se exercitam e, não obstante, experienciam sintomas de obsessão e de compulsão pela atividade e assuntos relacionados a ela (ex.: alimentação, suplementos alimentares e medicamentos).
De acordo com o levantamento feito por Marques e colaboradores (2019), o risco de dependência de exercício físico está estimado entre 3 e 7% em praticantes regulares e estudantes universitários, e entre 6 e 9% em atletas. Esses percentuais, de certa forma, podem ser considerados irrisórios aos olhos de um leigo, mas, do ponto de vista de saúde pública, não são. Além disso, essa dependência não parece ser restrita aos adultos, uma vez que ela também atinge adolescentes, sobretudo pela motivação de melhora da estética corporal.
Como profissionais da saúde, é fundamental que saibamos os devidos limites da orientação ao próximo, pois do mesmo jeito que tornar-se fisicamente ativo pode ser uma boa atitude, ele pode ser bastante negativo, tendo em vista que a dependência excessiva do exercício físico é considerada um vício com efeitos deletérios, tanto do ponto de vista fisiológico quanto psicológico – prova essa de que aquilo que é bom também pode se tornar nocivo.
Fonte: Marques A, Peralta M, Sarmento H, Loureiro V, Gouveia ÉR, Gaspar de Matos M. Prevalence of Risk for Exercise Dependence: A Systematic Review. Sports Med. 2019 Feb;49(2):319-330.