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01/12/2021

Peculiaridades da mulher atleta

A mulher vem conquistando espaço em muitas áreas e no esporte não é diferente. Agora, mais do que nunca, existe uma alta prevalência de participação feminina em atividades físicas e esportes.

Há também uma consciência crescente do impacto potencial dos hormônios menstruais cíclicos (ou seja, estrogênio e progesterona) no desempenho do exercício e na demanda metabólica, tornando-se cada vez mais importante entender diferenças fisiológicas e atender às necessidades nutricionais específicas das mulheres.
 

O estrogênio atua como regulador mestre tanto da composição corporal, quanto da bioenergética, aumentando ou reduzindo os níveis durante o ciclo menstrual.

• Na fase lútea ocorre aumento do metabolismo de gordura e proteína, que é acompanhado por maior gasto calórico e, possivelmente, apetite. Estudos sugerem que o aumento do estradiol que ocorre nessa fase poupe o glicogênio muscular, promovendo a oxidação dos ácidos graxos livres e gerando melhor desempenho de resistência. Pode ser benéfico aumentar o consumo de carboidratos para suportar níveis mais elevados de glicogênio, durante a fase lútea.

• Na fase folicular o exercício intenso pode ser melhor suportado pelo aumento da cinética da glicose.

 

 

Problemas relacionados à termorregulação provavelmente afetam mais as mulheres do que os homens, porque o fase lútea do ciclo menstrual está associada com temperatura corporal central mais elevada, maior tensão cardiovascular durante o exercício em estado estacionário submáximo, e um limiar aumentado para o início da sudorese.

• Pode ser importante aumentar a ingestão de líquidos durante a fase lútea, bem como avaliar as taxas de suor durante as várias fases do ciclo para identificar as necessidades de fluidos e alterações.
 

Recomendações nutricionais:

Carboidratos – durante a fase lútea, as mulheres podem se beneficiar de um consumo aumentado de carboidrato, de 8-10 g CHO / kg/ peso, que resulta em conteúdo de glicogênio muscular significativamente maior (13%) e melhor desempenho em um teste de resistência submáxima em comparação com a dieta moderada de carboidratos (4,7 g / kg / peso).

Gorduras - Níveis elevados de estrogênio durante a fase lútea promove a lipólise por meio do aumento da sensibilidade à lipase de lipoproteína e aumento do hormônio de crescimento. Durante a fase folicular, os  níveis de estrogênio são mais baixos, resultando em uma dependência reduzida de gordura como um substrato de energia.

Proteínas – na fase lútea, as necessidades de proteínas podem ser elevadas, pelo aumento da oxidação de proteínas. Com relação aos aminoácidos, foi demonstrado que as mulheres requerem maiores quantidades de lisina durante a fase lútea do que a fase folicular. Estudos mostram que as mulheres podem se beneficiar do consumo de proteína pré-exercício.

Várias evidências sugerem a importância de “entender” as mulheres em diferentes fase do mês e da vida (crianças, adolescentes, gestantes, climatério e menopausa)  e usar estratégias nutricionais específicas e recomendações principalmente para as mulheres atletas e esportistas.

Wohlgemuth KJ, Arieta LR, Brewer GJ, Hoselton AL, Gould LM, Smith-Ryan AE. Sex differences and considerations for female specific nutritional strategies: a narrative review. J Int Soc Sports Nutr. 2021 Apr 1;18(1):27. doi: 10.1186/s12970-021-00422-8. PMID: 33794937; PMCID: PMC8015182.


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